Pressupostos e/ou subentendidos são os elementos que fazem parte do universo da oralidade, como por exemplo expressões do tipo: aquela casa, ele, aqui, ali, ontem, isso, tudo etc. Tais elementos, numa situação de fala, explicam-se através de gestos, de entoação, de recursos decorrentes da presença de um interlocutor, de alguém com quem se conversa.
No contexto dissertativo, temos outra situação de linguagem: primeiro, trata-se do uso de linguagem escrita, o que significa a ausência de um interlocutor a quem nos dirigimos diretamente. Segundo, esta linguagem se caracteriza pela formalidade, quer dizer, pelo respeito às normas gramaticais.
Assim, geralmente torna-se necessário indeterminar, deixar implícito o para quem de nossas dissertações, além de pluralizar, quando possível, a voz que nelas se coloca. Em outras
palavras, estamos nos referindo ao caráter de reflexão genérica, generalizadora, típico desse tipo de texto. Vale lembrar que se você quiser aprender a fazer um texto dissertativo no Enem, pode acessar nossos outros projetos.
O mito de que a primeira pessoa do singular não pode aparecer numa dissertação deve ser, portanto, ignorado.
Por isso, em vez de omitir-se enquanto sujeito da sua redação dissertativa você precisa saber o momento de se colocar, e também a melhor forma de fazê-lo.
À necessidade de generalização e de uso de linguagem formal soma-se a de explicitação de pressupostos e/ou subentendidos como traços marcantes do texto dissertativo, como veremos no exemplo a seguir:
Exemplo Comentado
Considero (1) o homem um ser racional e cheio de imaginação.
Por isso, se você (2) pensar bem perceberá que isso (3) o diferencia dos outros seres vivos, incapazes do raciocínio e do devaneio.
Comentários
(1) Esta afirmação não necessita de primeira pessoa do singular, na medida em que se refere a qualidades humanas coletivamente reconhecidas.
(2) Aqui, o interlocutor deve ser indeterminado ou não, em função do tipo de dissertação que você escolher.
(3) A substituição deste pronome demonstrativo torna a passagem menos coloquial e mais formal, de acordo com as características da linguagem dissertativa.
Sugestões de adequação:
(A) O homem é um ser racional e também cheio de imaginação. Por isso, pensando bem se perceberá que estas características o diferenciam dos outros seres vivos, incapazes, do raciocínio e do devaneio.
(B) Sabemos que o homem é um ser racional e também capaz de desenvolver a imaginação. Por isso se pensamos bem, perceberemos que tais características o diferenciam dos outros seres vivos, incapazes do raciocínio e do devaneio.